byGicel

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

JURASSIC PARK

A represa de Guarapiranga, sempre foi o berço de grandes nomes da vela nacional e também um parque ecológico dos mais expressivos, contrastando com a turbulência da cidade de São Paulo.
Além de uma grande caixa d'água de abastecimento.
Foi na mesma represa, que durante alguns anos na atividade de representante de um estaleiro no sul, fazia demonstrações e assistência na venda de veleiros, preparando futuros marinheiros em um barco cedido pela fábrica.
Em um dia de demonstração no mês de setembro, a represa estava particularmente linda, pois começavam os nevoeiros. No final de tarde o céu, assim como toda a mata, formavam tons claros e escuros de cinza com uma bola vermelha alaranjada e bem definida do sol, se pondo atrás das montanhas de fundo para quem olha da avenida Atlântica para o Bairro Riviera, do outro lado da represa.
Saímos para velejar em quatro pessoas, existia algum vento, uns 5 nós.
O papo rolava solto, fizemos um cafezinho a bordo, o tempo passou e começou um nevoeiro realmente muito denso.
A esta altura, estávamos voltando da Riviera e bem no meio da represa, próximo à Ilha dos Amores, deu calmaria total. Só enxergávamos as luzes da avenida Atlântica, indicando assim nosso rumo, porém vento que é bom, nada.
Depois de horas de conversas, o assunto começou a esgotar-se e de repente, parecia que todo mundo tinha combinado, silêncio total.
A paisagem era igual a dos filmes de suspense de Boris Karloff. Com aquela fumaça do fog londrino saindo da água que mais parecia azeite, uma luz amarela e formando neblina no horizonte .
De repente escutamos um barulho: "...fla ...fla ...fla ....fla ......flaflafla ...flaflafla ...flaflafla ......fla ...fla ...fla" e silêncio. Nos entreolhamos com misto de interrogação, expectativa e um certo medo para não dizer pânico. E de novo o barulho cada vez mais próximo: " ...fla ...fla ...fla ....fla ......flaflafla ...flaflafla ...flaflafla ......fla ...fla ...fla" e silêncio total. A esta altura, os olhares seguidos murmúrios, era o sinal de que estávamos nos sentindo no Jurassic Park e o que era pior, não era filme mas pura realidade.
Os pensamentos novamente foram interrompidos por outro: "...fla ...fla ...fla ....fla ......flaflafla ...flaflafla ...flaflafla ......fla ...fla ...fla" e silêncio mórbido.
Só que o barco começou a balançar de um lado para o outro, como se fosse um pêndulo de relógio, todos com olhos arregalados entreolhavam-se, as cabeças começaram a se encaixar entre os ombros e miramos o tope do mastro, quando vimos dois olhos tão arregalados e curiosos quanto os nossos, fitando-nos de cima para baixo... Era uma coruja, procurando um lugar para pousar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário