JURASSIC PARK
A represa de
Guarapiranga, sempre foi o berço de grandes nomes da vela nacional e também um
parque ecológico dos mais expressivos, contrastando com a turbulência da cidade
de São Paulo.
Além de uma
grande caixa d'água de abastecimento.
Foi na
mesma represa, que durante alguns anos na atividade de representante de um
estaleiro no sul, fazia demonstrações e assistência na venda de veleiros,
preparando futuros marinheiros em um barco cedido pela
fábrica.
Em um dia
de demonstração no mês de setembro, a represa estava particularmente linda, pois
começavam os nevoeiros. No final de tarde o céu, assim como toda a mata,
formavam tons claros e escuros de cinza com uma bola vermelha alaranjada e bem
definida do sol, se pondo atrás das montanhas de fundo para quem olha da avenida
Atlântica para o Bairro Riviera, do outro lado da represa.
Saímos para
velejar em quatro pessoas, existia algum vento, uns 5 nós.
O papo
rolava solto, fizemos um cafezinho a bordo, o tempo passou e começou um nevoeiro
realmente muito denso.
A esta
altura, estávamos voltando da Riviera e bem no meio da represa, próximo à Ilha
dos Amores, deu calmaria total. Só enxergávamos as luzes da avenida Atlântica,
indicando assim nosso rumo, porém vento que é bom, nada.
Depois de
horas de conversas, o assunto começou a esgotar-se e de repente, parecia que
todo mundo tinha combinado, silêncio total.
A paisagem
era igual a dos filmes de suspense de Boris Karloff. Com aquela fumaça do fog
londrino saindo da água que mais parecia azeite, uma luz amarela e formando
neblina no horizonte .
De repente
escutamos um barulho: "...fla ...fla ...fla ....fla ......flaflafla ...flaflafla
...flaflafla ......fla ...fla ...fla" e silêncio. Nos entreolhamos com misto de
interrogação, expectativa e um certo medo para não dizer pânico. E de novo o
barulho cada vez mais próximo: " ...fla ...fla ...fla ....fla ......flaflafla
...flaflafla ...flaflafla ......fla ...fla ...fla" e silêncio total. A esta
altura, os olhares seguidos murmúrios, era o sinal de que estávamos nos sentindo
no Jurassic Park e o que era pior, não era filme mas pura
realidade.
Os
pensamentos novamente foram interrompidos por outro: "...fla ...fla ...fla
....fla ......flaflafla ...flaflafla ...flaflafla ......fla ...fla ...fla" e
silêncio mórbido.
Só que o
barco começou a balançar de um lado para o outro, como se fosse um pêndulo de
relógio, todos com olhos arregalados entreolhavam-se, as cabeças começaram a
se encaixar entre os ombros e miramos o tope do mastro, quando vimos dois olhos
tão arregalados e curiosos quanto os nossos, fitando-nos de cima para baixo...
Era uma coruja, procurando um lugar para pousar.
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